Desde o momento em que lideramos
um movimento para intervenção do Poder Público na Santa Casa de Barretos,
vínhamos argumentando que a razão primordial era de que somente o Poder Público
poderia socorrer a única porta de atendimento hospitalar para 400.000
habitantes da região de Barretos.
Isso está documentado na mídia local
e bem claramente colocado.
Hoje estamos vendo o Ministério Público,
cumprindo o papel de defesa social, em questão essencial que é a proteção e
preservação da vida. O último passo: acionamento da Procuradoria Geral no
sentido de uma atitude mais efetiva nessa direção.
Será possível o Governo do Estado
garantir apoio de 1 milhão mensal para o funcionamento mínimo da Santa Casa ? É claro que sim. Vejamos porque:
1) Governador
Serra garantiu 8 anos de cobertura do déficit da Fundação Pio XII, no patamar
de 1,5 milhão por mês, significando 36 milhões no período de seu governo;
2) Governador
Alckmin acaba de colocar 70 milhões de recursos para a importantíssima e
merecedora Fundação Pio XII;
3) Ministro
da Saúde Alexandre Padilha acaba de disponibilizar 60 milhões de reais também
para a Fundação Pio XII;
Não se discute aqui (e jamais poder-se-ia
discutir) o mérito dessa entidade (Pio XII) que atende o Brasil inteiro, tornando-se
um orgulho para nossa Barretos, grande divulgadora do seu nome, além de honrar
a medicina oncológica brasileira perante instituições internacionais. Isso é
ponto pacífico e tal apoio atende a um interesse nacional.
Aí vem a pergunta: como fica a nossa
população local e regional ?
Vai continuar padecendo da exposição ao mínimo de
sustentabilidade e segurança de atendimento hospitalar, quando o máximo lhe
seria de direito ?
A grande população loco-regional não merece a atenção que oferece ao resto do
Brasil ?
Será que o interesse político, que até merece ser exercido,
não enxerga uma cidade que sempre votou mais que a média estadual nesses
últimos governantes ?
Ainda no plano político: será que o nosso querido Geraldo
Alkmin, de quem sou fã como homem público, não vai poder atender a um prefeito
de seu partido (Guilherme de Ávila) que abraça essa causa, depois de recebe-la
como incumbência governamental inevitável e extra-orçamentada ?
Ainda politicamente falando: será que Padilha já se
esqueceu da promessa de fazer de Barretos um modelo de saúde pública nacional,
tanto no âmbito onco como não oncológico ? Isso foi dito no lançamento da pedra
fundamental da UPA. Será que seria só com isso ? Não dá para acreditar.
É preciso deixarmos de ouvir, no seio dos altos gabinetes:
Barretos já recebeu o suficiente através da ajuda ao Pio XII. Não precisamos
dar mais.......
Portanto, fica claro que: a Santa Casa de Barretos tem um
papel diferente de centenas de S. Casas nesse Brasil afora, que são instâncias
de segundo ou terceiro plano. Ela, aqui, é o único espaço de acudimento de
aflições e direitos que não podem ser relegados. Ela tem a cara do povo, que é
o grande “patrão”. A cara do Estado, enquanto poder garantidor do Estado de
Direito.
Precisam os senhores governantes observar o paradoxo acima
descrito e olhar um pouco para essa terra que liderou no passado e ficou de
lado nos grandes investimentos oficiais. Barretos merece. E a Santa Casa é o
povo de Barretos e de sua região.
É preciso parar de chorar a falta de Deputado na cidade.
Porque o teve durante os quase últimos vinte anos.
Acho a pedida de 1milhão mensal extremamente tímida, e não
pode ser tratada como mercadoria ligada a barganha política com Deputados.
Como não posso acreditar que nem isso possa ser devidamente
garantido ao dono do recurso que é o tão sofrido povo, exatamente o mais carente
do apoio.
Enfim, são fatos que podem ajudar o
Ministério Público no seu trabalho, empenhado e responsável, de buscar
soluções.
Dr.
Fauze Jose Daher
Diretor Clínico
da Santa Casa de Barretos
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