terça-feira, 19 de novembro de 2013

Santa Casa: fonte de benefícios e alvo de cinismos desnecessários

         Esta semana estive assistindo à exposição, pelo Sr. Prefeito Municipal, do relatório da auditoria sobre o quadro real de situação da Santa Casa.  Aliás, já pela segunda vez, em vista do cargo que ocupo, dessa feita, aos sócios da Santa Casa de Barretos.
         Interessante o quadro dos sócios presentes: figuras inegavelmente abnegadas, pelas suas intenções, porém, com muitas totalmente desinformadas (outras fazendo–se desinformadas) sobre vários fatos gravíssimos, que levaram a nobre casa a ser rotulada como fraudulenta, em passado não muito longínquo.
            Mais interessante ainda (e triste), foi assistir ex dirigentes postando-se como figuras vitimadas por um processo geral, eternamente culpando o SUS, mas que na verdade foram causas da atual situação, mercê de administrações incompetentes e de contabilização sombria, apesar de ter sido gerida por contabilistas e empresários.
            Cena dantesca foi a dos senhores sócios assistirem ao relato do descalabro financeiro, que foi crescendo de déficits de 4 milhões, da gestão de um, para 12 milhões do outro e agora com mais de 63 milhões, tudo parecendo que os gestores alí presentes nada tinham a ver com o volume de empréstimos bancários de  24 milhões (só em 2012), coincidindo com o afundamento da situação geral do hospital.
 A pergunta que poucos fazem (e que não deve ser calada) é: qual foi o destino desse dinheiro ? E o que é pior:  por que não existe detalhamento contábil que possa demonstrar o que realmente aconteceu, APESAR DE OS DOIS ÚLTIMOS SEREM EMPRESÁRIOS DO RAMO DE CONTABILIDADE. Algo grave que se sabe é que pagamentos e pagamentos foram feitos com a rubrica acordo com a direção, sem comprovação devidamente esclarecedora. Será que tudo ficará por conta de boatos de uso indevido do sagrado dinheiro destinado ao atendimento terciário da saúde ?
É lamentável que instituição tão necessária e essencial tenha sido usada descaradamente como trampolim politico, até conseguindo levar algum ao posto e que, mesmo assim, não teve marca relevante à frente da Prefeitura, como outros sucumbiram no meio do caminho pela clara incompetência.
Soa irônico, à beira da “cara durice”, criticar o prefeito atual, imbuído da missão de socorrer o desastre que lhe foi jogado ao colo. Mormente tendo sido um ex prefeito que foi a principal causa do afundamento de nosso tradicional hospital. E tendo-o usado como trampolim, administrando como provedor/prefeito. Pior ainda: tendo levado o hospital à vala de hospitais fraudulentos.
Cabe nesse momento, documentar que a classe médica, sempre acusada covardemente de aproveitadora do hospital, nada tem a ver com esse desastre vergonhoso a que foi levada a Santa Casa. Ao contrário, essa classe sempre foi parceira, credora como é, no momento, de honorários originariamente destinados e destináveis a ela pela fonte pagadora, mas que foram indevidamente apropriados pelas más gestões anteriores.
É também momento de esclarecer uma dúvida trazida por colocações, esporádicas e indevidas, do tipo: se o médico precisa do hospital para viver ou sobreviver , por que então não pagar para lá trabalhar?  A reposta é muito simples: quem primeiro precisa do hospital para viver e sobreviver é o paciente. Depois o funcionário. O médico pode perfeitamente trabalhar e viver sem hospital. Quando o usa (e é logico que muitas vezes usará) é exatamente para atender quem real e efetivamente dele precisa para sobreviver.
Por fim, vale a pena deixar claro o nosso otimismo quanto à possível recuperação desse importante e tradicional hospital, pelo empenho e responsabilidade do Sr. Prefeito Guilherme de Ávila, que merece o voto de  confiança da comunidade, para suplantar esse momento grave, valendo-se da sua vontade, disposição, arrojo e apoio político que pode conseguir das altas instâncias de governo, bem como de cada um dos cidadãos barretenses.

É o que se espera. É no que todos acreditamos.

Dr. Fauze José Daher



            

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