sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Covid-19 no Brasil: seis meses de vitórias da humanidade diante do mal e de vícios sociais

               Seis meses se passaram no Brasil, promovendo um atordoamento em nossa população que merece, antes de mais nada, os parabéns pelo senso de resignação e tolerância mostradas diante das incertezas de um novo mal.

            Formatos novos de uma doença conhecida, que conseguiu parar o mundo todo, num susto que aos poucos vai se atenuando.

            Enquanto na Medicina, os heróis da linha de frente e abnegados pesquisadores de bancada jamais se estacionaram ficou registrado, de forma impressionante, o lado negativo de boa parte da humanidade contemporânea. 

Ficaram evidentes conflitos de interesse em torno de esquemas ou protocolos de tratamento, posicionamentos políticos eleitoreiros malévolos, cultivados no dia a dia de cúpulas governamentais, aos poucos sendo desvendados pela verdade que tarda, mas não falha.

A cicatriz negativa que vai restar, tristemente decorreu de laboratórios farmacêuticos projetando medicações altamente lucrativas que se mostraram ineficientes, discursos de sociedades médicas escancarando conflitos de interesses na promoção de algo incerto, com a ridícula postura de condenar esquemas medicamentosos que, cada vez mais, acabaram por mostrar eficácia. 

Inusitado e estranho vetar recursos terapêuticos que, a despeito de terem sido baseados em métodos observacionais, cujas evidências são, sim, científicas antes que metodologias lentas e incapazes de garantir um desfecho conclusivo no curto prazo. Mais estranho ainda, preconizar o aguardo de agravamento de doença para se adotar conduta em condições dramáticas.

A aberração vexatória de revistas científicas, precipitadamente, publicarem “notícias” que tiveram que recolher vergonhosamente pelo volume de erros contidos nas mensagens divulgadas, fazendo suspeitar-se de grave conflito de interesse.

Uma verdade triste que ficou patente: uma OMS desgastada, desacreditada, pactuada com alinhamentos ideológicos e servindo a interesses escusos em diversas decisões.

Assistimos, em nosso Brasil, a ridícula postura de políticos buscando instâncias como a mais alta Corte de Justiça que se ridicularizaram em “meter o bedelho” em tema aflitivo, eminentemente técnico, em autêntico teatro cujo tema poderia ser rotulado de “um festival de atrevimento”, frente a situações com vidas arriscadas.

O lado bom: médicos, pesquisadores, enfermeiros, paramédicos, em meio a essa verdadeira panaceia de ridicularidade política, na calada e na calma postura, robusta de arrojo, coragem e senso científico encontrando, no dia a dia, um caminho mais acertado para vencer essa luta. Ainda por ser conseguida, mas com avanços contrastantes com a situação de 6 meses atrás.

 Não pode ficar de fora o papel do jornalismo assistido nesse período.

             Nunca se viu um processo deformante tão danoso como a prática jornalística exercida por grande parte da imprensa escrita e televisada. E poderosa. Mas quão enfraquecedoras dessa profissão (jornalismo) que já foi, na história, a 4ª. força de influência no destino da humanidade. 

Pode-se dizer, desde as ricas e suntuosas salas de redação até a ponta de profissionais assiste-se jornalistas perdidos por interesses de variadas naturezas: financeira, ideológica e político partidário.

Outra questão boa e positiva foi o avanço rápido e marcante da mídia social, alternativa para contornar as barbaridades da mídia convencional. É claro, carente ainda de aprimoramento no controle do seu uso, mas mstrando maneiras mais inteligentes possíveis de virem controlar as chamadas falsas notícias, por perniciosas que sejam.

Os ganhos maiores: técnicas científicas de identificação genética e “construção” de antídotos com uma rapidez e eficiência galopantes quando comparadas com as conseguidas no passado. As esperadas vacinas estão vindo de forma muito rápida e, interessante, já um tanto “vacinadas” contra a exploração e manipulação política.

Os gestos de solidariedade humana que verearam e permeiam pelo mundo todo, muitas vezes sem considerar o alto custo material das providências, puderam neutralizar, em parte, os lances de oportunismo e frieza de aproveitadores, em cima da desgraça humana.

Por fim, a luta continua. 

Ficam para trás momentos e condutas de oportunismo incabíveis na evolução da humanidade. Vai adiante todo o universo de virtudes praticadas e atitudes governamentais que estiveram voltadas e vocacionadas para a busca do bem estar geral, independentemente das nacionalidades e raças.

Que os tempos possam logo voltar ao ritmo normal e natural.

 

Dr Fauze José Daher

Médico e Advogado.

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Conflito de interesses: da prática (historicamente reservada) ao absurdo de nossos dias

            A natureza humana é dotada de vícios conhecidos que desafiam cada cidadão a formatar 

sua característica pessoal usando caminhos virtuosos variados e disponíveis ao longo de sua 

existência.

Entre virtudes e vícios (defeitos) merece uma análise especial o interesse (senso escuso) que hoje em dia é colocado nos objetivos de alguns, de cada agrupamento de pessoas e até de nações, ultrapassando limites que deveriam ser respeitados.

Discorrer sobre essa temática, valeria um tratado, um livro ou um seminário de vários dias. Nesse episódio de pandemia, ficaram evidentes (e tem ficado), de forma assustadora, conflitos de interesse que jamais poder-se-iam imaginar terem emergidos.

No campo político, vamos dispensar as críticas sobre horrendas posturas de setores do Estado, que é dotado de um, especialmente criada para gerir o equilíbrio da Sociedade e que em dias atuais, revela uma podridão de atitudes, atos, decisões com o peso do poder instituído. Claramente desdenha-se a gravidade do que sejam CONFLITOS DE INTERESSE gritantes em favores próprios ou grupais.

No campo de atuação em que milito, a Medicina, chega a ser repugnante o nível atingido desses conflitos, fazendo com que revistas científicas, sociedades médicas de especialidade, profissionais da saúde, centros renomados de atendimento hospitalar que colocam esses interesses conflitantes, como que a “vender” a dignidade de uma profissão sagrada, hoje louvada no mundo inteiro e colocada, em pesquisa, como a mais acreditada pela Sociedade brasileira, onde foi medido recentemente. 

A pandemia do COVID-19 nos permitiu assistir, com tristeza, a evidente “compra”, por indústrias farmacêuticas, de periódicos científicos, que tiveram o desplante de publicar notícias sobre a doença e, por causa do vexame, imediatamente recolher tais publicações.

Assistimos desde laboratórios farmacêuticos aliciar opiniões técnicas sobre a doença, passando por instituições hospitalares renomadas, até sociedades médicas de especialidade com escancarados detalhes que evidenciam vínculo a determinado medicamento, contra outras medicações concorrentes, a despeito de prejudicar a saúde de volumosos gradientes populacionais. Uma frieza assustadora...

Até 15 ou 20 anos atrás, tecnicamente, ao pesquisador, redigindo um artigo científico, não era praxe cobrar informação, no arremate do texto, se havia algum conflito de interesse. Existia uma consciência ética, profissional e científica, de não ser necessária essa informação sobre conflito de interesse. 

Pelo gabarito dos conselhos de redação dos periódicos científicos, doravante, passou-se a exigir isso do pesquisador, como forma de cobrar seriedade das novas gerações de pesquisadores, que passaram a merecer certa vigilância ou fiscalização, no propósito de preservar a fidelidade à Ciência.

O que temos assistido hoje? 

Num lance só, um periódico científico inglês, aceita notícia de um ensaio clínico randomizado, sobre eficácia de um esquema de medicamentos, concluindo pela ineficácia do mesmo. Com um elenco de impropriedades de metodologia científica que chegam a assustar.

No assunto de COVID-19, foram analisados menos que 700 casos, brasileiros, num curto período da pandemia no Brasil, de março a junho. 16 entidades hospitalares privadas participaram, todas brasileiras, sem incluir hospitais nem universidades públicas no estudo. Isso significa que, em média, 40 pacientes foram estudados, sendo metade compondo o grupo testado e a outra o controle. 

Chama atenção um trial conduzido em 4 meses, com casuística exígua, diante de milhões de casos acontecendo no mundo inteiro. Há aí, muita justificativa a ser prestada perante as regras de estatística e da metodologia usada, que foi um ensaio clínico randomizado.

O estudo tem conclusão taxativa de que o esquema estudado (que, contrariamente, dá pistas, no método observacional, de estar sendo um sucesso na redução de agravamento e de mortalidade) não apresenta diferença de resultados entre seu uso e o da prática considerada “standard”.

A pergunta que não se pode calar é simples: e se o estudo mostrasse que a mortalidade do “protocolo padrão” fosse significativamente maior do que a do “braço” usando o esquema testado, qual seria a justificativa ética a ser dada aos parentes dos sujeitos da pesquisa, que tivessem um desfecho fatal? 

Seria lícito, técnico ou cientificamente apropriado basear-se em um modelo que costuma levar dois anos para ser executado, pelo rigor do controle de vieses e fatores confundidores, ser concluído em 4 meses? Mais ainda: com casuística de pouco mais de 500 pacientes levados a estudo em meio a uma pandemia mundial? Será que isso dá segurança e significância estatística?

Tais questões levam a se pensar que já estaria sendo necessário um controle externo dos periódicos científicos... O que se imagina chocante pela pureza, isenção, honestidade e virtudes que deveriam prevalecer, antes que matreirices viciosas como a que se evidência no mundo atual.

Como piada, poder-se-ia se dizer que brasileiros criaram algo para inglês ver (e publicar), num claro desserviço à milenar e tão respeitada Ciência. 

A gravidade maior da questão do conflito de interesses, depois de atingir ambições políticas em temas sagrados (saúde), anseios por futuras e longínquas metas eleitorais de alguns prefeitos e governadores, assusta a comunidade sanitária mundial por chegar às portas da Organização Mundial de Saúde, onde se aninha a combinação de dois tipos estranhos: interesse econômico pelo uso de medicações e posturas ideológicas que, aliás, são indesejadas pela maioria dos habitantes do globo.

Posso estar equivocado. 

Como gostaria de estar. 

Mas não é o que parece.

 

Dr Fauze José Daher – CREMESP – 20.810

Gastro Cirurgião da Santa Casa de Barretos

Mestre em Ciências

Advogado

 

sábado, 22 de agosto de 2020

Senado Federal: órgão moderador ou instância digna de um fim?

               O Brasil, enquanto Estado, tem sido cada vez mais conclamado a tê-lo reduzido de tamanho mercê da inoperância e descrédito de grande parte do seu corpo.

         Impressiona, assusta e indigna a opinião dos brasileiros, em suas diversas classes sociais, o altíssimo custo e desperdício de recursos para a sua sustentação, praticamente “roubando” uma grande fatia do orçamento, limitando investimentos econômicos e sociais importantes.

            Pois bem. O Senado Federal que deveria fazer o papel de moderador das decisões parlamentares, advindas da Câmara Federal, antes de serem aproveitadas pelo Executivo, mostrou, nessa semana, ter feito o oposto. Isto é, derrubou um veto presidencial, vital para o momento do País, que havia sido equilibradamente acatado pelos Deputados Federais, numa decisão absurda do Senado perante a opinião geral.

            Daí o paradoxo: foi preciso a Câmara Federal reprovar o gesto do Senado, funcionando (ela Câmara Federal) como o órgão moderador das decisões. Ainda bem.

            Dentre muitas razões e em decorrência disso, faz voltar e recrudescer um desejo popular nacional: por que não acabar de vez com a instância Senado Federal? A reforma política estaria aí para isso, realizando um desejo nacional, agora pautado em mais uma razão.

            Razões outras são, cada dia, mais claras da desnecessidade desse órgão caríssimo, abarcador de políticos com os mesmos vícios de politicagem e oportunismo nocivo ao País e injusto ao interesse coletivo de quem representam ou deveriam bem representar.

            Vejamos. Como podem estados de diferentes proporções demográficas, importância econômica social, terem o mesmo número de Senadores? Exemplo: São Paulo 3 senadores e Amapá também 3? Figuras que podem se eleger com menos de 100.000 votos e terem o mesmo poder decisório de outro Senador com 5 milhões de votos? É um flagrante desequilíbrio de fator de representatividade/legitimidade. 

            Outra aberração: o suplente de Senador ser uma pessoa escolhida sem o mínimo critério de respaldo popular, ao gosto e controle do titular, é evidente absurdo quanto à efetiva representatividade e consequente legitimidade.

            O altíssimo custo de manutenção desse status, torna-se muito pior quando ficou evidenciado agora, agindo como um órgão nocivo, atravancador e desarmonizador numa decisão crítica, contra contenção de gastos de medida vetada, “derrubada” pelo Senado e mantida pela Câmara Federal.

            Peculiaridade estranha é o longo período de mandato de 8 anos: que torna a grande população e o cidadão, refém de podridão que hoje envolve grande parte do atual Senado, dando oportunidade a que se candidatem a outros cargos executivos, a cada 4 anos, com o privilégio de, perdendo, continuarem como Senadores, mantendo os vícios sempre nocivos à população.

            Vem como um alerta para revelar a verdadeira desnecessidade de Senado Federal que é caro, não soma nada, mal representa e promove decisão antipatriótica  como a da última semana.

            O senado criado no Império Romano, subsiste ainda na forte democracia americana e suprimido na maioria de modelos governamentais de nações contemporâneas e de maior nível de civilização.

            Pela reforma política seria difícil mudar? 

 Parece que sim. Mas, a opinião pública, mobilizada nesse sentido, pode fazer diferença. 

 Para isso, estão aí as redes sociais e as ruas para mudar as vontades equivocadas.

 

Dr Fauze José Daher

Médico e Advogado

            

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Hospital Albert Einstein: história estranha e desconfortável

            Um assunto atual que mobilizou a opinião pública brasileira coloca em cheque o respeitado Hospital Israelita Albert Einstein pela chocante postura atingindo a Dra Nise Yamaguchi, nos últimos dias.
            De início justifico que minha descendência árabe longe está de tecer uma crítica “apaixonada” a uma instituição assistencial médico/hospitalar, de gabarito reconhecido, que me fez concordar ser o nascedouro de três de meus netos paulistanos. 
Respeitei o desejo da filha e genro quando, não nego, tinha o desejo “orgulhoso” de vê-los serem “fotografados” com a identificação de roupagem que poderia ser de um HCOR (Sanatório Sírio) ou Sírio Libanês. Sem deixar de respeitar os diversos outros gabaritados, Hospital Osvaldo Cruz, Beneficência Portuguesa, Pró Matre, São Luiz, Rede D’Or, etc.
Enfim, foram ali cuidados com os requintes técnicos e profissionais que fazem jus à história do reconhecido hospital, que é uma reserva honrada pelo alto nível de serviços a todos os povos de nossa população mesclada de várias raças. Fiquei muito satisfeito.
Justifico também que me senti seguro e feliz por ser o Einstein identificado com muitos colegas médicos, da turma de formatura, israelitas ou descendentes, que sempre prezei, admiro e tenho na conta de eternos amigos, forjados em nossa querida Escola Paulista de Medicina, consolidados em vários encontros comemorativos e nas trocas de mensagens. Quando, pessoalmente, precisei, fui tratado como irmão.
Mas o episódio cometido contra a Dra. Nise Yamaguchi não tem como passar em branco. Por muitas razões. A par do desrespeito ao Código de Ética Médico atual (e de todos os tempos), há também lesão a vários aspectos do Direito, desde o Constitucional, passando pelo de cidadania, o do consumidor voltados aos pacientes que estavam sendo tratados pela profissional e, subitamente, a tiveram “cancelada” (por telefone) de os continuar atendendo. Um ato desumano, insensato, irresponsável, antiético, “anti-bioético”, longe da justificativa que parece ter sido um pretexto para outras razões verdadeiras. 
Razões que permitem interpretar como relacionadas ao “cancelamento” do  direito de “conduzir” sua prática médica, que há de ser autônoma e livre dos famigerados protocolos, hoje impostos em nome do bem, mas que acabam significando formatos de exploração da medicina e de médicos, disfarçados como coisas boas ou corretas.
Estão de parabéns organizações israelitas brasileiras e internacionais que imediatamente manifestaram o repúdio a tal medida tomada pela direção do nosocômio. Medida que atingiu a instituição em sua aura simpática e de segurança que oferece a todos os brasileiros maculando-a pelo infeliz impacto que provocou. 
Merecem citação como exemplos, o presidente da Associação Sionista Brasil-Israel (ASBI), Dr Felix Soibelman assim como o judeu nova-iorquino Joseph (sem estampa do sobrenome), que clara e corretamente manifestou em vídeo (curto, até)  (https://youtu.be/pd8CuFRBkp4) objetivo e interessante de ser visto. É figura ligada ao Dr. Zelenko, cientista da comunidade judaica americana, apologista, pioneiro e defensor do uso da Hidroxicloroquina no tratamento precoce da COVID 19.
As verdadeiras razões do repudiado ato contra a colega Nise Yamaguchi. Aqui dispenso propositadamente os seus valiosos títulos, exatamente para dar ênfase à sua categoria profissional somente. Categoria sempre aplaudida, hoje ainda mais, pelo heroísmo, no mundo inteiro e que lamentavelmente GESTORES MÉDICOS do Einstein, cometem essa injustiça ofensiva, em que merecem serem investigados interesses escusos na prática da Medicina. 
Torna permissível considerar diversos roteiros típicos da investigação de um crime cometido. Permite-se fazer indagações que já estão, nesse momento, publicamente debatidos. 
Seria causa a tese e a postura da Dra. Nise, defendendo condutas que incomodam ou atrapalham interesses escusos? Seriam Interesses escusos ligados a compromisso político com o Governo do Estado de S Paulo? Seria pela “esquisita” resistência em admitir o uso de um medicamento barato, conhecido, possível de ser distribuído em nível de saúde pública? Seria atender ao interesse do Governo parceiro, já que gerenciaria os hospitais de campanha da capital, em associação com resultados econômicos mais “rentáveis” do que afeitos à prática ética da medicina?
Infelizmente, o simpático, valoroso e respeitado Hospital Israelita Albert Einstein foi levado a esse tipo de exposição pela equivocada decisão. E aqui vai mais uma decepção. Via de regra, tem se assistido, em imensa maioria de situações, o profissional médico sendo explorado ou atingido por gestores leigos em medicina, mas astutos na volúpia de arrecadar e desviar.
 Alguns até de nível ginasiano, mas especialistas e habilidosos arrecadadores de recursos financeiros doados em nome da causa “atender gente desprotegida”.  Mas, claramente, exploradores da Medicina e de profissionais médicos e paramédicos.
Agora: gestores médicos chegarem ao ponto de cometer atos que facilmente podem ser instados em juízo, não só pelo prejuízo ético profissional e da reputação da médica e do paciente de ter seu atendimento no hospital com a continuidade “cancelada”?! Aí, é de doer...É de se lamentar muito. 
Médico pode e deve ser corregedor de desvios ético profissionais. Aliás, passa a ser um campo vasto de vigilância necessária pelo nível degradado de formação profissional que marca o nosso País.  Certamente, não foi o caso. Ao se debruçar na avaliação crítica e sensata, conclui-se que evidente pretexto foi usado. 
E a extensão da gravidade não para. Imagine que a instituição Hospital Israelita Albert Einstein é hoje uma faculdade de medicina. Calcule o elenco de condutas aberrantes envolvidas, nessa postura isolada, em diversos planos: ético, bioético, técnico, humanístico (para o lado do médico/a e do paciente), além do Código Penal Brasileiro. 
Seria esse um bom exemplo a formatar ou moldar um futuro médico ou agente de saúde? É uma pergunta a ser meditada e respondida.
Por fim, resta prestar total apoio à Profa. Dra. Nise Yamaguchi que certamente está ganhando solidariedade de todos os “cantos”, pelo seu espírito verdadeiramente profissional, científico sendo digna de aplausos e respeito de médicos, paramédicos e cidadãos que, como regra, depositam sua confiança em nossas mãos e consciência.

Dr Fauze José Daher  -  CRM 20.810
Formado pela Escola Paulista de Medicina - Mestre em Ciências.
Gastro Cirurgião e ex Diretor Clínico da Santa Casa de Barretos
ex Presidente da Assoc. Paulista de Medicina – Reg. de Barretos
Advogado

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Renatinho: a perda do jornalismo, da cidadania e dos amigos barretenses

O jornalismo brasileiro, quiçá mundial, sofre, em tempos contemporâneos, uma degradação dessa função que foi considerada no passado como o quarto poder da sociedade. Quão distante disso está...
A própria classe dos jornalistas reconhece o tanto que se desvirtuou a importantíssima missão de informar, conscientizar, definir rumos e diretrizes a toda população carente de conhecimento e diretrizes, formando opiniões para o dia ou ao longo do tempo.
Seja na grande imprensa, seja nos nossos redores, como está hoje difícil poder confiar em bons jornalistas.
Nesse cenário, o choque da perda precoce de quem tínhamos o privilégio de chamar de Renatinho. Que, na verdade, era uma figura que honrava a sua profissão por diversos traços de personalidade: inteligência, criatividade, sensibilidade social, discrição e feeling pelas coisas do interesse coletivo. Sempre prestativo.
Pessoalmente, o choque me atingiu frontalmente ao receber do José Renato Filho, abalado, a notícia, 40 minutos após e no próprio local onde outros colegas estiveram lutando pela sua reanimação. Mesmo calejado e preparado pela própria vida profissional, senti também o forte impacto da perda de uma pessoa que eu muito considerava e admirava. 
Além de tudo, um companheiro/parceiro da turma praticante de Tênis do Grêmio, com quem todos tinham o prazer de fazer uma dupla de jogo.
O bom jornalismo, no contexto da missão exercida com competência e ética, passa a ficar desfalcado em Barretos e no âmbito geral. 
Sempre aprendi que o profissional de qualquer área de atuação, atingirá o clímax de sua carreira, quando conseguir, além do seu sucesso, angariar a admiração e o respeito de seus próprios colegas de classe. E o Renatinho conseguiu trabalhar sempre com denodo, competência e com a admiração de todos.
Sua esposa, os filhos Renato e Camila, ao buscar a superação do trauma que representa uma perda súbita, repentina, recebem o consolo de que um Mestre da redação jornalística marcou seu tempo e sua vida como exemplo para novas gerações. Que, aliás, muito precisam hoje de bons modelos.
Todos os segmentos da nossa comunidade sentem muito com a triste notícia.
Que Deus proteja todos os familiares. 
Que possam contar com as preces de muita gente que passa a sentir a falta de um amigo talentoso.
Que Deus o tenha.

Dr. Fauze José Daher
Médico e Advogado

sexta-feira, 1 de maio de 2020

O dia de dor da Doutora Nathalia e os 2,5 milênios de missão sagrada

            Emocionou médicos, paramédicos leitores da mídia internáutica o depoimento da jovem médica Dra. Nathalia.
Ela expos ao mundo, com muita sensibilidade, uma mistura de dor humana e profissional diante dos desfechos, naquele dia, provocada pela terrível pandemia que ora vivemos, num balanço triste ao final do dia de trabalho. 
            É verdade incontestável que milhares (se não milhões) de médicos e médicas que habitam o nosso planeta e cumprem uma missão que carrega, em si, o verdadeiro Amor pregado por Paulo Apóstolo e Santa Sofia de Roma, cuja Basílica é uma eterna atração em Istambul na Turquia. 
Interessante, é ícone cristão criado na idade média, período Bizantino, mas que perdura num meio Islâmico, sempre respeitador de todas as demais religiões, tendo sido transformada em Mesquita, no império Otomano e, hoje, num Museu carismático a todos.
        O relato da Dra. Nathalia certamente é a reedição de centenas de milhares de médicos jovens que, ainda em início de suas caminhadas, estão expostos ao drama de terem de praticar, no Brasil, vez ou outra, a dolorosa “Escolha de Sofia”.
 É o retrato fiel da crueldade de um mundo com tanta riqueza contrastado pela irresponsabilidade de governantes que deixaram de prezar o direito sagrado de zelar a saúde, ou cuidar da (doença), no mínimo patamar possível. Seja aqui em nosso Brasil, seja em países ricos da velha Europa: morrer por asfixia decorrente de uma (des)estrutura é cruel e inconcebível.
Ao tocar a sensibilidade de milhares, pelo seu depoimento, Dra. Nathalia faz evocar a visão de gerações mais velhas de médicos(as) diante de sua estória de um determinado dia. 
O que nos compensa, é a sensação divina de conseguir resgatar o bem em diversas situações: seja nas emergências cardiovasculares, neurológicas, ortopédicas psiquiátricas, no momento de um parto feliz, no sucesso de uma reanimação/ressuscitação ou na solução de uma dor abominal aguda. 
São delicados os momentos de uma anestesia geral, levar uma pessoa aos limites seguros do sono profundo e indolor trazendo-a “resolvida” pela ação simultânea de procedimentos das mais variadas naturezas e técnicas.
Tudo isso faz parte da nossa vida em Medicina, vista de uma longa estrada percorrida pelos formados há 50 anos, 47 (como no meu) ou há 30, 20 como de muitos.  A Dra. vai viver essa mesma estrada, Deus queira, podendo chegar com um balanço feliz pelos resultados conseguidos: sempre guiados pela Força Maior, que sempre atende às nossas invocações.
O tributo disso não é pequeno. Se uma regra pede para não levarmos problemas profissionais para casa, por mais que cuidemos, nossos semblantes não os conseguem esconder aos nossos amados entes. A missão nunca é de impacto isolado: os nossos sofrem conosco... 
Nossa longevidade como médicos(as), cientificamente já demonstrada, é de 5 anos mais curta que a de todas as outras profissões. E nossos cabelos, grisalham mais rapidamente, com toda certeza.
Mas, a parte boa tem acontecido...O mundo todo, desde o início dessa pandemia, mesmo diante de um volume percentual reduzido de vítimas fatais, tem homenageado os agentes de saúde, que estão fincados numa trincheira perigosa com suas vidas totalmente expostas.
Médicos do Brasil, particularmente, vivem momento severo de exploração profissional por empresas, empreendedores hospitalares, de planos de saúde, de fundações privadas, cada vez mais pejorando condições de trabalho, níveis de remuneração, frieza no relacionamento interpessoal, como nunca vistos antes. 
Vale cumprimentar os jovens colegas pelos seus trabalhos nessa luta, que envolve a todos, seja presente à beira do leito, à distância ou nas bancadas de pesquisa. Sejam os mais maduros ou Seniores, saiba que ficamos, no costumeiro silencio e discrição, irmanados na fé de que tudo passará, sabendo que o futuro sempre estará nos reservando novas batalhas. 
De concreto e definitivo, é a fé em que V. possa, com saúde, e o humanismo demonstrado ao cumprir essa nobre missão. Se Hipócrates definiu diretrizes em 406 a.C, dois milênios e meio ainda as conservam, com a modernidade oferecendo os avanços científicos, que não são poucos.
Força colega Nathalia. 
Venceremos, com a Ciência e a Graça de Deus.

(TCBC) Fauze José Daher  -  CRM 20.810
Gastro Cirurgião da Santa Casa de Barretos

sábado, 21 de março de 2020

Um panelaço generoso: povo brasileiro e outros povos manifestam apreço aos médicos e agentes de saúde

         Em meio à preocupante situação de pandemia, poucas pessoas podem se movimentar livremente, num esquema generalizado de contenção em casa de cada um, como é o caso de médicas, médicos, paramédicos, supermercados, postos de serviços e pessoal de segurança.
            Dizia colega em rede social reservada aos profissionais da Medicina: alguém decidiu ou decidiram fecharem os consultórios? Aí, vem a resposta de um “calejado” médico: “Em minha opinião, se estamos em guerra contra uma séria pandemia, nossa missão nos coloca como soldados, em trincheira, que não podem ser abandonadas para “ficar casa”. Era o que antigamente se aprendia e se praticava (e o que deve ser ensinado e exercido nos dias atuais).
                 É por isso aí que, mais uma vez, a Sociedade, em geral, deixa claro o respeito e a admiração por uma profissão de extrema importância. Agora e ao longo da história da humanidade.
                Há 2 décadas a “Carta Capital” mediu, via pesquisa de opinião pública, e publicou a categoria médica sendo admirada por 82 por cento da população brasileira, em posição bem distante da segunda colocada. E olhe que numa relação de quase vinte instituições pesquisadas, estavam inclusos também órgãos governamentais, congresso nacional, religiões e políticos entre outras profissões.
            Tal gesto ganha maior relevância, somando-se à manifestação da sociedade italiana, que ora sofre com maior angústia e em recente noticiário também aplaudiu os colegas médicos e os paramédicos do seu país.
            Ficamos felizes por estarmos, quando necessário, vez ou outra, cobrando de autoridades e gestores de saúde, o respeito a essa categoria merecedora de especial consideração pela dignidade de sua sagrada missão. Isso corrobora e vai de encontro a uma visão que, felizmente, a grande população também tem.
            Vale registrar a esperança, mesmo com a mudança dos paradigmas atuais, de podermos contar, no futuro, com colegas imbuídos da mesma formação, espírito profissional e missionário compatíveis com o que aprendemos e procuramos exercer.
              Por fim, vamos incluir em nossa postura, nesse momento, enquanto povo cuidado, assistido e tratado, um ingrediente que alguém citou, eu li e gostei:
            “Ibn Sina, nome latinizado de Avicena, médico e filósofo árabe, Pai da Medicina moderna, diz: “A imaginação é a metade da doença; a tranquilidade é a metade do remédio; e a paciência é o primeiro passo para a cura”.
            A classe médica agradece o carinho e acrescenta, nessa fórmula, algo que nunca faltou, nem poderia faltar nesse momento: as orações e a Divina fé.

Dr Fauze José Daher
ex- Presidente da Associação Paulista de Medicina – Reg. de Barretos
Mestre em Ciências pela Univ. Fed. de São Paulo (UNIFESP)
Membro Titular do Colégio Bras. de Cirurgiões 
Advogado
            

segunda-feira, 16 de março de 2020

Do pequeno gênio “Naninho” ao respeitado Daher da equipe da Davis Cup: uma história de glórias e de grande exemplo para a juventude Gremista”

O loirinho de 9 anos, já aprendendo e se aprimorando com a equipe do Professor Ricardo Pena e José Pedro, fazia entusiasmarem-se os 2 técnicos que enxergavam um tenista com futuro promissor. 
Era o Aminzinho, que se dava ao luxo, com perspicácia, de orientar seus tios sobre postura técnica de posição corporal, empunhadura de raquete e movimentos para um golpe certeiro.
Cresceu com a simpatia sempre estampada, e o domínio de variação de jogadas refinadas que mesclava boa técnica, destreza e raciocínio ao golpear uma bola. Aguerrido, exigente de si mesmo como virtudes que faziam desenvolver suas habilidades dia após dia.
A genialidade era comprovada pela facilidade com que jogava futebol, basquetebol e também o voleibol. Jogando, na adolescência, em alto nível também nesses esportes, mas, com a primazia no tênis, sempre o atraindo para voos maiores.
Aos 12 anos, já bem ranqueado na Federação Paulista de Tênis, trouxe seu primeiro troféu, da importância de um Campeonato Brasileiro Juvenil nessa faixa de idade: Campeão, com direito a desfile em carro de bombeiros para aplausos nas ruas de milhares de barretenses.
A façanha repetiu-se com 14 anos de idade, com a taça de Campeão Brasileiro Juvenil nessa categoria. Passou pela faixa dos 16 anos vindo, posteriormente, conquistar os dois anos da faixa dos 18: Campeão Brasileiro Juvenil com 17 anos e, no ano seguinte, Campeão Brasileiro aos 18 anos.
Veio então a fase profissional. Numa curva sempre crescente de boas colocações no Ranking Internacional, chegou a ocupar a 139ª. posição em tempos que passou a fazer parte da equipe brasileira da Davis, em três temporadas seguidas.
O futuro envolvia esforços do pai Amin, sempre entusiasta pela carreira daquele que era o orgulho de uma família, dos seus amigos, dos Gremistas e de muitos brasileiros aficionados do tênis praticado com refinada técnica e com jogadas que enchiam os olhos de muitos fãs. Amin foi seu pai e parceiro até o limite possível. Numa família estruturada na mamãe Toninha, e nas irmãs Isabela e Soninha.
Junto a Patrícia (esposa) e Natália (a filha), deixou o profissionalismo como jogador, criando sua Academia Daher de Tênis, na simpática e progressista São José dos Campos, que carinhosamente o abraçou marcando uma de suas ruas com seu reconhecido nome: Rua José Amin Daher Neto.
Vida ceifada muito precocemente, em acidente automobilístico fatal, fez muito chorar não só seus entes e amigos, como quase todos os profissionais brasileiros em atividade da época, presentes em comovente demonstração de carinho e apreço que seus colegas e amigos tinham pelo nosso querido Zé Amin.
Se Barretos tivera bons tenistas de expressão regional, suas bandeiras foram conduzidas para patamares mais altos com Zé Amin pisando saibros de Roland Garros, a grama sagrada de Wimbledon, os “pisos duros” das quadras americanas e de tantos outros estádios sul-americanos e europeus.
Fica nessa homenagem, a marca histórica de quem registrou uma passagem honrosa para todos nós e exemplar para os jovens das gerações que vieram e os de outras que poderão almejar valiosas conquistas.
Um grande beijo, com as saudades de todos nós.

Assinam:

Tios Fauze, Samir e Mirinha, os amados entes familiares e os queridos amigos Gremistas.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

O amigo “Radinho”, uma perda comunitária e uma tristeza para muitos amigos...

          
            Uma semana triste para nossa Barretos marcada pela morte inesperada de um grande amigo, e também querido por muitos outros.
            Passou rápida uma convivência nossa nascida nos bancos escolares do curso primário da querida escola, o então, Grupo Escolar Prof. Fausto Lex. 
A vida, nos levando pelos momentos seguintes da juventude, ficou marcada pelo futebol (amador e social) curtidos nos gramados do Grêmio Literário e da União dos Empregados no Comércio. Acabei experimentando o profissionalismo, enquanto meu amigo enveredou-se pelo futebol amador varzeano que soube valorizar como poucos.
Esse mesmo Radinho que pude acompanhar de perto até meus 17 anos, ficou meio distante pelas nossas metas da fase seguinte, mas que reencontramos, em nossas diferentes profissões, sem deixarmos de ter uma amizade sempre cultivada e que deixará recordações e saudades de verdade.
Amigo e companheiro de milhares de barretenses com sua marca registrada que foi a de ser um cidadão prestativo. Não havia problema do barretense que o abordasse, sem que de imediato buscasse conseguir ou ajudar a resolver.
Apelido forjado pelo costume de estar sempre colado à fonte tradicional de informações e notícias locais e nacionais: o rádio portátil. Ultimamente, com essa prática deixada para trás, mercê das diversas outras que ganharam facilidade e importância. Mas a marca ficou, sempre usada de forma respeitosa e carinhosa.
Há cidadãos que são notórios contribuintes sociais sem precisar ter função política. Esta aí um exemplo de quem dedicou toda a vida em prol do futebol amador varzeano de Barretos. Após ter sido um árbitro eficiente, passou a cuidar do Departamento de Arbitragem, por décadas e sempre com competência e dedicação.
Uma atividade espinhosa, mas que não conseguia ter alguém para substituí-lo exatamente porque o mesmo a exercia com amor, competência e com resultados sempre positivos para o interesse de todos os clubes e atletas.
Certamente, nosso grupo de café da manhã no Café Ivaí (assim sempre chamamos e chamaremos) sentiu essa aguda perda, como certamente outras rodas de amigos da sua rotina diária. 
Costumava dizer, no proseio da “esquina”, questionando se todas as cidades têm uma pessoa como o nosso “Radinho”....No sentido do privilégio pelas suas qualidades e virtudes, deixando de lado o único “defeito” de ser um corintiano apaixonado. Acho que não. Seguramente, tivemos uma felicidade rara de podermos ter convivido com o Lourival, que é como, nos últimos anos, o vinha chamando.
Particularmente, sinto já e sentirei sempre a falta do gesto amigo, elegante e carinhoso de sempre me estar guardando um lugar para sentar à roda do primeiro café do dia. 
Também ficando na minha memória, o peso de atendê-lo no primeiro momento da doença, constatando um mal não tão comum, mas que não dá chance ao paciente e a nenhum cirurgião diante do diagnóstico fatalista.
Foi embora o amigo sempre trabalhador que teve a graça de crescer com a vida e formar uma família admirável que inclui sua querida Carmela, meus colegas Caíto (o médico) e meu colega Glauco (o advogado).
Nossa Barretos está triste, de luto, restando-nos, aos milhares de amigos, companheiros e conhecidos, as devidas orações, e mantermos em nossa memória a sua imagem alegre, prestativa e atenciosa.

Que Deus o tenha!

Dr. Fauze José Daher  (e os amigos da Esquina)