Não é mais possível continuar calada, a minha classe de Advogados, diante do que se presencia nos tempos atuais, assistindo um descalabro da instituição Justiça e da representatividade classista da Ordem dos Advogados do Brasil.
Os jovens aplicadores do Direito precisam saber, se ainda não ouviram histórias da profissão que, no Brasil do século passado, a OAB nacional e todos os seus segmentos tiveram importância vital nas grandes decisões nacionais. Eram os 3 Poderes a decidirem e a OAB disputando com a imprensa o domínio do chamado “4º. Poder” com forte influência nas grandes questões nacionais.
O desvio de função e missão da Ordem é de tal monta que o desinteresse por sua eleição, antes disputadíssima, caminhou nessa última para um comando de tendência ideológica claramente esquerdista numa afronta total ao enorme contingente de profissionais de outras tendências ou de posicionamento politicamente neutros.
Isso aconteceu em meio a um elenco de fenômenos interessantes: aumento exagerado de advogados por todo o País, esvaziamento (senão desaparecimento) da força de influência da classe no plano geral e desinteresse visível (e ponderável) pela participação de advogados no cenário político. Isso tudo no seio de uma profissão que tem como ferramenta principal a dialética, a busca do prevalecimento da Justiça e a defesa dos direitos gerais e individuais dos cidadãos na Sociedade.
A OAB nacional com eleição sem uma aguerrida disputa que interessaria ao País e, agora, assiste a sedimentação de uma chapa única nos mesmos “ideais” da ordem reinante. Como médico (em nível de cidadão comum), gostaria de estar ainda assistindo o papel histórico da OAB quando era uma OAB de larga influência.
Na mesma tendência, vivemos a decadência da Justiça brasileira, totalmente deformada ao cumprir o seu papel, desacreditada até onde não puder mais e motivo de chacotas travestidas de fakenews (mas que são verdadeiras) ganhando o rótulo de fake para não desmoralizar ainda mais o que está já muito ruim.
Se a classe de advogados do País não reage contra uma OAB desvirtuada no seu clássico papel teria ela motivação para mudar a qualidade da Justiça, essa que rege a nossa harmonia social? Em verdade, seria uma luta contra instâncias que decidem os pleitos e petições cá em baixo, algo que a desestimularia.
Seria impossível “botar a cara”?
Seria o chamado temor reverencial sobre os julgamentos que adviriam das luzes de quem são cobrados hoje de forma clara e objetiva um fator inibitório?
Não deveria ser, até porque o Corpo da Magistratura nas Jurisdições próximas do cidadão, entendo, preservam qualidade digna do tradicional respeito.
A OAB nacional e Justiça Brasileira, são questões da hora e problemáticas ao serem analisadas separadamente. Agora, se estiverem “sinérgicas e harmônicas”, aí é de bater mesmo a desesperança.
Enfim, se é um médico-cirurgião que se arrisca a esses apontamentos, assim faz crendo na fração de qualidade que existe no meio aplicador da Justiça. Caso tenha eventuais petições prejudicadas no julgamento, em função de exarar essa verdade, certamente terei minha atividade como médico (modalidade raiz), pelo menos, a garantir o meu trabalho.
Porém, um país continental como o nosso tem muito a perder caso um de seus pilares de sustentação, como é a Justiça, continue sem buscar sua importância, presença e respeitabilidade de poucas décadas atrás. Claro, sem o ativismo ora praticado que é um fator depreciativo da atividade matriz.
Assunto para uma profunda reflexão e revisão.
Dr Fauze José Daher
Médico Cirurgião do Ap. Digestivo
Médico do Trabalho
Advogado
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