sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Covid-19 no Brasil: seis meses de vitórias da humanidade diante do mal e de vícios sociais

               Seis meses se passaram no Brasil, promovendo um atordoamento em nossa população que merece, antes de mais nada, os parabéns pelo senso de resignação e tolerância mostradas diante das incertezas de um novo mal.

            Formatos novos de uma doença conhecida, que conseguiu parar o mundo todo, num susto que aos poucos vai se atenuando.

            Enquanto na Medicina, os heróis da linha de frente e abnegados pesquisadores de bancada jamais se estacionaram ficou registrado, de forma impressionante, o lado negativo de boa parte da humanidade contemporânea. 

Ficaram evidentes conflitos de interesse em torno de esquemas ou protocolos de tratamento, posicionamentos políticos eleitoreiros malévolos, cultivados no dia a dia de cúpulas governamentais, aos poucos sendo desvendados pela verdade que tarda, mas não falha.

A cicatriz negativa que vai restar, tristemente decorreu de laboratórios farmacêuticos projetando medicações altamente lucrativas que se mostraram ineficientes, discursos de sociedades médicas escancarando conflitos de interesses na promoção de algo incerto, com a ridícula postura de condenar esquemas medicamentosos que, cada vez mais, acabaram por mostrar eficácia. 

Inusitado e estranho vetar recursos terapêuticos que, a despeito de terem sido baseados em métodos observacionais, cujas evidências são, sim, científicas antes que metodologias lentas e incapazes de garantir um desfecho conclusivo no curto prazo. Mais estranho ainda, preconizar o aguardo de agravamento de doença para se adotar conduta em condições dramáticas.

A aberração vexatória de revistas científicas, precipitadamente, publicarem “notícias” que tiveram que recolher vergonhosamente pelo volume de erros contidos nas mensagens divulgadas, fazendo suspeitar-se de grave conflito de interesse.

Uma verdade triste que ficou patente: uma OMS desgastada, desacreditada, pactuada com alinhamentos ideológicos e servindo a interesses escusos em diversas decisões.

Assistimos, em nosso Brasil, a ridícula postura de políticos buscando instâncias como a mais alta Corte de Justiça que se ridicularizaram em “meter o bedelho” em tema aflitivo, eminentemente técnico, em autêntico teatro cujo tema poderia ser rotulado de “um festival de atrevimento”, frente a situações com vidas arriscadas.

O lado bom: médicos, pesquisadores, enfermeiros, paramédicos, em meio a essa verdadeira panaceia de ridicularidade política, na calada e na calma postura, robusta de arrojo, coragem e senso científico encontrando, no dia a dia, um caminho mais acertado para vencer essa luta. Ainda por ser conseguida, mas com avanços contrastantes com a situação de 6 meses atrás.

 Não pode ficar de fora o papel do jornalismo assistido nesse período.

             Nunca se viu um processo deformante tão danoso como a prática jornalística exercida por grande parte da imprensa escrita e televisada. E poderosa. Mas quão enfraquecedoras dessa profissão (jornalismo) que já foi, na história, a 4ª. força de influência no destino da humanidade. 

Pode-se dizer, desde as ricas e suntuosas salas de redação até a ponta de profissionais assiste-se jornalistas perdidos por interesses de variadas naturezas: financeira, ideológica e político partidário.

Outra questão boa e positiva foi o avanço rápido e marcante da mídia social, alternativa para contornar as barbaridades da mídia convencional. É claro, carente ainda de aprimoramento no controle do seu uso, mas mstrando maneiras mais inteligentes possíveis de virem controlar as chamadas falsas notícias, por perniciosas que sejam.

Os ganhos maiores: técnicas científicas de identificação genética e “construção” de antídotos com uma rapidez e eficiência galopantes quando comparadas com as conseguidas no passado. As esperadas vacinas estão vindo de forma muito rápida e, interessante, já um tanto “vacinadas” contra a exploração e manipulação política.

Os gestos de solidariedade humana que verearam e permeiam pelo mundo todo, muitas vezes sem considerar o alto custo material das providências, puderam neutralizar, em parte, os lances de oportunismo e frieza de aproveitadores, em cima da desgraça humana.

Por fim, a luta continua. 

Ficam para trás momentos e condutas de oportunismo incabíveis na evolução da humanidade. Vai adiante todo o universo de virtudes praticadas e atitudes governamentais que estiveram voltadas e vocacionadas para a busca do bem estar geral, independentemente das nacionalidades e raças.

Que os tempos possam logo voltar ao ritmo normal e natural.

 

Dr Fauze José Daher

Médico e Advogado.

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Conflito de interesses: da prática (historicamente reservada) ao absurdo de nossos dias

            A natureza humana é dotada de vícios conhecidos que desafiam cada cidadão a formatar 

sua característica pessoal usando caminhos virtuosos variados e disponíveis ao longo de sua 

existência.

Entre virtudes e vícios (defeitos) merece uma análise especial o interesse (senso escuso) que hoje em dia é colocado nos objetivos de alguns, de cada agrupamento de pessoas e até de nações, ultrapassando limites que deveriam ser respeitados.

Discorrer sobre essa temática, valeria um tratado, um livro ou um seminário de vários dias. Nesse episódio de pandemia, ficaram evidentes (e tem ficado), de forma assustadora, conflitos de interesse que jamais poder-se-iam imaginar terem emergidos.

No campo político, vamos dispensar as críticas sobre horrendas posturas de setores do Estado, que é dotado de um, especialmente criada para gerir o equilíbrio da Sociedade e que em dias atuais, revela uma podridão de atitudes, atos, decisões com o peso do poder instituído. Claramente desdenha-se a gravidade do que sejam CONFLITOS DE INTERESSE gritantes em favores próprios ou grupais.

No campo de atuação em que milito, a Medicina, chega a ser repugnante o nível atingido desses conflitos, fazendo com que revistas científicas, sociedades médicas de especialidade, profissionais da saúde, centros renomados de atendimento hospitalar que colocam esses interesses conflitantes, como que a “vender” a dignidade de uma profissão sagrada, hoje louvada no mundo inteiro e colocada, em pesquisa, como a mais acreditada pela Sociedade brasileira, onde foi medido recentemente. 

A pandemia do COVID-19 nos permitiu assistir, com tristeza, a evidente “compra”, por indústrias farmacêuticas, de periódicos científicos, que tiveram o desplante de publicar notícias sobre a doença e, por causa do vexame, imediatamente recolher tais publicações.

Assistimos desde laboratórios farmacêuticos aliciar opiniões técnicas sobre a doença, passando por instituições hospitalares renomadas, até sociedades médicas de especialidade com escancarados detalhes que evidenciam vínculo a determinado medicamento, contra outras medicações concorrentes, a despeito de prejudicar a saúde de volumosos gradientes populacionais. Uma frieza assustadora...

Até 15 ou 20 anos atrás, tecnicamente, ao pesquisador, redigindo um artigo científico, não era praxe cobrar informação, no arremate do texto, se havia algum conflito de interesse. Existia uma consciência ética, profissional e científica, de não ser necessária essa informação sobre conflito de interesse. 

Pelo gabarito dos conselhos de redação dos periódicos científicos, doravante, passou-se a exigir isso do pesquisador, como forma de cobrar seriedade das novas gerações de pesquisadores, que passaram a merecer certa vigilância ou fiscalização, no propósito de preservar a fidelidade à Ciência.

O que temos assistido hoje? 

Num lance só, um periódico científico inglês, aceita notícia de um ensaio clínico randomizado, sobre eficácia de um esquema de medicamentos, concluindo pela ineficácia do mesmo. Com um elenco de impropriedades de metodologia científica que chegam a assustar.

No assunto de COVID-19, foram analisados menos que 700 casos, brasileiros, num curto período da pandemia no Brasil, de março a junho. 16 entidades hospitalares privadas participaram, todas brasileiras, sem incluir hospitais nem universidades públicas no estudo. Isso significa que, em média, 40 pacientes foram estudados, sendo metade compondo o grupo testado e a outra o controle. 

Chama atenção um trial conduzido em 4 meses, com casuística exígua, diante de milhões de casos acontecendo no mundo inteiro. Há aí, muita justificativa a ser prestada perante as regras de estatística e da metodologia usada, que foi um ensaio clínico randomizado.

O estudo tem conclusão taxativa de que o esquema estudado (que, contrariamente, dá pistas, no método observacional, de estar sendo um sucesso na redução de agravamento e de mortalidade) não apresenta diferença de resultados entre seu uso e o da prática considerada “standard”.

A pergunta que não se pode calar é simples: e se o estudo mostrasse que a mortalidade do “protocolo padrão” fosse significativamente maior do que a do “braço” usando o esquema testado, qual seria a justificativa ética a ser dada aos parentes dos sujeitos da pesquisa, que tivessem um desfecho fatal? 

Seria lícito, técnico ou cientificamente apropriado basear-se em um modelo que costuma levar dois anos para ser executado, pelo rigor do controle de vieses e fatores confundidores, ser concluído em 4 meses? Mais ainda: com casuística de pouco mais de 500 pacientes levados a estudo em meio a uma pandemia mundial? Será que isso dá segurança e significância estatística?

Tais questões levam a se pensar que já estaria sendo necessário um controle externo dos periódicos científicos... O que se imagina chocante pela pureza, isenção, honestidade e virtudes que deveriam prevalecer, antes que matreirices viciosas como a que se evidência no mundo atual.

Como piada, poder-se-ia se dizer que brasileiros criaram algo para inglês ver (e publicar), num claro desserviço à milenar e tão respeitada Ciência. 

A gravidade maior da questão do conflito de interesses, depois de atingir ambições políticas em temas sagrados (saúde), anseios por futuras e longínquas metas eleitorais de alguns prefeitos e governadores, assusta a comunidade sanitária mundial por chegar às portas da Organização Mundial de Saúde, onde se aninha a combinação de dois tipos estranhos: interesse econômico pelo uso de medicações e posturas ideológicas que, aliás, são indesejadas pela maioria dos habitantes do globo.

Posso estar equivocado. 

Como gostaria de estar. 

Mas não é o que parece.

 

Dr Fauze José Daher – CREMESP – 20.810

Gastro Cirurgião da Santa Casa de Barretos

Mestre em Ciências

Advogado

 

sábado, 22 de agosto de 2020

Senado Federal: órgão moderador ou instância digna de um fim?

               O Brasil, enquanto Estado, tem sido cada vez mais conclamado a tê-lo reduzido de tamanho mercê da inoperância e descrédito de grande parte do seu corpo.

         Impressiona, assusta e indigna a opinião dos brasileiros, em suas diversas classes sociais, o altíssimo custo e desperdício de recursos para a sua sustentação, praticamente “roubando” uma grande fatia do orçamento, limitando investimentos econômicos e sociais importantes.

            Pois bem. O Senado Federal que deveria fazer o papel de moderador das decisões parlamentares, advindas da Câmara Federal, antes de serem aproveitadas pelo Executivo, mostrou, nessa semana, ter feito o oposto. Isto é, derrubou um veto presidencial, vital para o momento do País, que havia sido equilibradamente acatado pelos Deputados Federais, numa decisão absurda do Senado perante a opinião geral.

            Daí o paradoxo: foi preciso a Câmara Federal reprovar o gesto do Senado, funcionando (ela Câmara Federal) como o órgão moderador das decisões. Ainda bem.

            Dentre muitas razões e em decorrência disso, faz voltar e recrudescer um desejo popular nacional: por que não acabar de vez com a instância Senado Federal? A reforma política estaria aí para isso, realizando um desejo nacional, agora pautado em mais uma razão.

            Razões outras são, cada dia, mais claras da desnecessidade desse órgão caríssimo, abarcador de políticos com os mesmos vícios de politicagem e oportunismo nocivo ao País e injusto ao interesse coletivo de quem representam ou deveriam bem representar.

            Vejamos. Como podem estados de diferentes proporções demográficas, importância econômica social, terem o mesmo número de Senadores? Exemplo: São Paulo 3 senadores e Amapá também 3? Figuras que podem se eleger com menos de 100.000 votos e terem o mesmo poder decisório de outro Senador com 5 milhões de votos? É um flagrante desequilíbrio de fator de representatividade/legitimidade. 

            Outra aberração: o suplente de Senador ser uma pessoa escolhida sem o mínimo critério de respaldo popular, ao gosto e controle do titular, é evidente absurdo quanto à efetiva representatividade e consequente legitimidade.

            O altíssimo custo de manutenção desse status, torna-se muito pior quando ficou evidenciado agora, agindo como um órgão nocivo, atravancador e desarmonizador numa decisão crítica, contra contenção de gastos de medida vetada, “derrubada” pelo Senado e mantida pela Câmara Federal.

            Peculiaridade estranha é o longo período de mandato de 8 anos: que torna a grande população e o cidadão, refém de podridão que hoje envolve grande parte do atual Senado, dando oportunidade a que se candidatem a outros cargos executivos, a cada 4 anos, com o privilégio de, perdendo, continuarem como Senadores, mantendo os vícios sempre nocivos à população.

            Vem como um alerta para revelar a verdadeira desnecessidade de Senado Federal que é caro, não soma nada, mal representa e promove decisão antipatriótica  como a da última semana.

            O senado criado no Império Romano, subsiste ainda na forte democracia americana e suprimido na maioria de modelos governamentais de nações contemporâneas e de maior nível de civilização.

            Pela reforma política seria difícil mudar? 

 Parece que sim. Mas, a opinião pública, mobilizada nesse sentido, pode fazer diferença. 

 Para isso, estão aí as redes sociais e as ruas para mudar as vontades equivocadas.

 

Dr Fauze José Daher

Médico e Advogado