Ao barretense sobrou o fato grave da
dívida da Santa Casa, levantada e revelada à sociedade, no patamar de 262
milhões de reais. Aí sobrevêm questionamentos interessantes, sobre o montante
terrivelmente alcançado e, proporcionalmente, maior que o da Santa Casa de São
Paulo, recentemente, noticiado no montante de quase um bilhão de reais.
O que duvidar de
realidade que sempre esteve escondida, camuflada, negligenciada por gestões ao
longo de 40 anos, usando a instituição para interesses grupais, políticos e
difíceis de serem aceitos. Salvam-se, sim, cidadãos que estiveram emprestando
seus nomes, sem estarem sabendo da triste realidade.
E o papel dos colegas médicos do Corpo Clínico nessa história
toda? Fico, pessoalmente, livre para apreciar algumas questões. Livre porque
sempre estive “desconvidado” por todas as gestões de 1.976 a 2.016.
Nos anos iniciais, porque era ainda jovem, neófito na
instituição, evidentemente, em típico período probatório que é universal nas
diversas congregações.
Nos momentos seguintes por questões de ranço político que
envolveu prefeito/provedor por décadas no comando do hospital. Em décadas
últimas, porque foram dirigentes seguidores da postura do antigo.
A mim, como diretor
clínico, coube conduzir um processo de intervenção pública, há 3 anos e pouco,
propiciando romper com esse passado e buscando novos rumos condizentes com a
antiga história da entidade.
Se o “distanciamento”, a mim imposto, foi ruim por um lado,
fica hoje excelente a posição de ter estado “longe” daqueles que economicamente
afundaram o hospital.
Mas, livre também estou para garantir que 90 por cento dos
colegas que ali trabalharam (e trabalham), estiveram livres de envolvimento na “produção”
desse verdadeiro e surpreendente estrago.
Aliás, exatamente ontem assisti um comentário de analista
político sério, “ácido” e rigoroso em suas críticas, que é o jornalista
Reinaldo Azevedo, no seu programa “Pingos nos is”.
Dizia Reinaldo que,
se há uma classe em quem pode ainda confiar, é a classe dos médicos que
consegue sobreviver com nível de dignidade, em sua maioria, em meio à bagunçada
condição da saúde no Brasil, como bagunçadas têm sido as outras instâncias hoje
paralisadas. Claro que há tristes exceções na classe que veste o branco.
Esse é um aval que considero importante por conta de sua
seriedade, inteligência e competência ao criticar, sempre com rigor que não
poupa qualquer membro da alta cúpula governamental.
E o que nos alenta nesse final de ano, no âmbito da Santa
Casa? É exatamente o desafio abraçado por alguém da estirpe do Henrique Prata.
É o caminho para a busca dessa perda tão grave.
E para isso, não poderá o Corpo Clínico deixar de se
posicionar como pilar de sustentação na busca do sucesso. Quem sempre trabalhou
com denodo e idealismo, preservando a reputação da Casa, em todos os sentidos,
certamente estarão presentes como sempre estiveram.
Hoje passamos a ostentar uma marca famosa: Fundação Pio
XII, que traz uma história conhecida em todos os cantos do Brasil e em
importantes outros, fora de nossas divisas.
Hoje passa a liderar
alguém com arrojo, perspicácia, conhecimento, prestígio e competência para
suplantar essa grave dificuldade.
Recebamos 2.017 com muita esperança e convicção de que
vingará o trabalho, o amor e o apoio de todas as alçadas que terá, como
fundamental, a participação da sociedade barretense e de nossa região.
É no que acreditamos todos os barretenses, curtindo um
Natal materialmente empobrecido, porém, com a mesma riqueza da mensagem trazida
pelo seu próprio significado.
Que tenhamos um próspero e feliz 2.017.
Dr. Fauze José Daher
CRM 20.810
Gastro
cirurgião / videolaparoscopista
Ex-Diretor
Clínico da Santa Casa de Barretos
Advogado –
OAB(SP) 359.410
Parabéns pelas palavras. Realmente eu concordo com o Reinaldo Azevedo vcs "médicos" fazem milagres com o descaso do poder público.
ResponderExcluirVerdade, André. Diante do descaso governamental, constantemente, nos vemos diante de decisões difíceis em que a ética e a bioetica passam a ser instrumentos utilíssimos a nos guiar de forma emergencialmente improvisada. No entanto, há esporadicamente fatos que não podemos, corporativamente, endossar. Existe no mundo, no Brasil, em Barretos e, infelizmente, na Santa Casa. Lamentável....Estamos prontos para ajudar a combater. Abraço.
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