Esse
assunto é motivo de polemica nacional, há mais de 30 anos: o SUS, O seu
desempenho e o seu lastro de atendimento. É motivo pra uma semana de debates.
Mas
vamos lá:
1)
o
SUDS, sistema unificado e descentralizado de saúde foi criado em Sao Paulo e
foi o precursor do SUS. Quando ? 1982, pelo governador de S Paulo, Franco
Montoro, antes que o Brasil tivesse o SUS;
2)
como
era antes ? Havia 3 públicos assisstidos: atendimento particular (privado), com
mais ou menos 40 % da população; 5 % de assistidos por sistemas sociais, como o
IAPI e outros IAPs; e o restante eram
chamados de indigentes. Sim, indigentes que era a classe mais pobre do país.
3)
E como
era o atendimento ? Os MÉDICOS atendiam a todos da mesma forma: mesmos
medicamentos, mesmas cirurgias, mesma propedêutica, nos mesmos hospitais.
4)
E o
atendimento era igual ? Posso afirmar que sim, porque atendi nessa época e
convivi com verdadeiros profissionais que se postavam com base no preceito ético
e também porque, se assim não atendessem, cultivariam uma fama que os prejudicaria
perante a elite que também atendiam. Tipo assim: se atendesse mal uma cozinheira
ou uma empregada doméstica, certamente ficaria difamado perante seus patrões
que eram clientes bem posicionados socioeconomicamente;
5)
A
atitude de Franco Montoro foi uma das mais importantes no sentido de valorizar
a cidadania. No sentido de acabar com a indigência e colocar o cidadão num
plano humanisticamente mais valorizado.
6)
E para
os médicos, o que mudou ? CONTINUARAM A ATENDER DA MESMA MANEIRA, SÓ QUE AQUILO
QUE FAZIAM GRATUITAMENTE (INDIGÊNCIA) PASSOU A SER REMUNERADO (tabela SUS).
BASTANTE REMUNERADO ? NEM TANTO. PORÉM, À ÉPOCA, MELHOR DO QUE NADA.
E DE LA PARA CÁ, DE
1982 até nossos dias, o que aconteceu ?
1)
Aconteceu
o que o Brasil inteiro sabe: Governantes Federais tratarem o SUS numa visão de
indigência, sem o devido aparelhamento material, instrumental e humano que
acompanhasse a evolução da MEDICINA, tal qual praticada nos hospitais de
primeiro mundo e nos grandes hospitais do Brasil.
2)
Quem
vê e trata o cidadão atual, que é dependente do SUS, como “indigentes”
contemporâneos, é o próprio Governo Federal E NÃO OS PROFISSIONAIS MÉDICOS.
Quer a prova ? Analise a tabela de remuneração pelos serviços médicos praticada
pelo SUS, CONGELADA HÁ DECADAS e que tem afundado os hospitais públicos. Nem
por isso os médicos deixam de atender.
3)
Questão
importante: há anos tem estado disponibilizado à população, que tem seu
crescimento econômico cada vez mais evidente, a alternativa dos seguros e
planos de saúde. O que também se espera das pessoas, é botar um pouquinho de
senso de responsabilidade pessoal e familiar, e passar a pagar um plano de
saúde, que certamente o tiram da condição de “indigência” no seu atendimento de
saúde. Essa é uma colocação dura ? Sim. Mas é a pura realidade.
4)
Todos
sabemos do senso cultural brasileiro de se preocupar em comprar seu automóvel,
pagar as prestações que não são baratas, investir no lazer e supérfluo, e
continuarem dependentes do “SUS padrão tupiniquim brasileiro”. Esse é também um
aspecto ponderável, que se escondem de comentar, mas que é também pura
realidade.
5)
São
questões que estão envolvidas com os escândalos de corrupção dentro da
previdência, ou de programas do tipo “Mais Médicos” que, já se sabe, tem
objetivo eleitoreiro e fomentador de recursos com trajetos escusos em que o
menos importante é o MÉDICO, ora usado como bandeira politica eleitoral.
6)
Agora:
existem médicos cobrando de pacientes do SUS ? Existem no Brasil inteiro, e em
alguns lugares já protegidos por jurisprudências locais. Digo mais: existem
médicos cobrando à parte até de planos de saúde, em situações também já
protegidas por decisões judiciais.
7)
Há
situações de cobrança ilegal ? Há também. Para essas, nós gestores de saúde,
dirigentes de serviços médicos estamos disponíveis, comprometidos e dispostos a
fiscalizar e proteger o cidadão usuário como punir profissionais. O que não dá
é ficar ouvindo e lendo baboseiras de quem desconhece por completo essa
realidade (ou finge desconhecer), pretende levar vantagem de situações facilitáveis,
buscando atingir o profissional que pode não ter a culpa imposta pelo defeito
conjuntural.
8)
É
preciso saber que existe um sistema socializado de saúde, como o modelo inglês,
em que o melhor é oferecido ao cidadão, com condições dignas de trabalho para o
médico, que é sobejamente sabido pelos Governos Federais brasileiros que
rolaram por décadas, sem se preocupar com o que é melhor para cada um de nós.
9)
Finalmente,
é preciso ficar claro que o SUS não é a “oitava maravilha do mundo moderno”,
tendo ficado tolhido, sem avançar da postura de estadista de Montoro, por
absoluta culpa de governos despreocupados com esse direito indisponível do
cidadão de qualquer país.
10)
É mais
justo cobrar dos governantes, mormente em momentos de escolha dos mesmos, do
que pretender imputar uma classe inteira, mesmo incluindo pequena parcela de
maus profissionais que podem estar circulando por aí.
11)
Temos
consciência e não escondemos enorme preocupação com o nível de formação dos
médicos atuais, com comprovação de maioria despreparada, ao fim de seis anos de
curso, para servir nessa árdua missão, agora misturados com a “importação” de estrangeiros com
formação dúbia.
Isso é o que colocamos para reflexão de
todos, com o fito de explicar algumas cobranças na rede de comunicação, num
tema extremamente importante e tão desprezado por quem governa.
Estamos sempre a disposição esperando ter
dado um flash de visão da história de algo (SUS) que foi bem iniciado, porém,
indevidamente desprezado ao longo do tempo.
Dr. Fauze Jose Daher
Diretor
Clínico da Santa Casa de Barretos
MS pela Esc.
Paulista de Medicina - UNIFESP
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