sexta-feira, 17 de julho de 2020

Hospital Albert Einstein: história estranha e desconfortável

            Um assunto atual que mobilizou a opinião pública brasileira coloca em cheque o respeitado Hospital Israelita Albert Einstein pela chocante postura atingindo a Dra Nise Yamaguchi, nos últimos dias.
            De início justifico que minha descendência árabe longe está de tecer uma crítica “apaixonada” a uma instituição assistencial médico/hospitalar, de gabarito reconhecido, que me fez concordar ser o nascedouro de três de meus netos paulistanos. 
Respeitei o desejo da filha e genro quando, não nego, tinha o desejo “orgulhoso” de vê-los serem “fotografados” com a identificação de roupagem que poderia ser de um HCOR (Sanatório Sírio) ou Sírio Libanês. Sem deixar de respeitar os diversos outros gabaritados, Hospital Osvaldo Cruz, Beneficência Portuguesa, Pró Matre, São Luiz, Rede D’Or, etc.
Enfim, foram ali cuidados com os requintes técnicos e profissionais que fazem jus à história do reconhecido hospital, que é uma reserva honrada pelo alto nível de serviços a todos os povos de nossa população mesclada de várias raças. Fiquei muito satisfeito.
Justifico também que me senti seguro e feliz por ser o Einstein identificado com muitos colegas médicos, da turma de formatura, israelitas ou descendentes, que sempre prezei, admiro e tenho na conta de eternos amigos, forjados em nossa querida Escola Paulista de Medicina, consolidados em vários encontros comemorativos e nas trocas de mensagens. Quando, pessoalmente, precisei, fui tratado como irmão.
Mas o episódio cometido contra a Dra. Nise Yamaguchi não tem como passar em branco. Por muitas razões. A par do desrespeito ao Código de Ética Médico atual (e de todos os tempos), há também lesão a vários aspectos do Direito, desde o Constitucional, passando pelo de cidadania, o do consumidor voltados aos pacientes que estavam sendo tratados pela profissional e, subitamente, a tiveram “cancelada” (por telefone) de os continuar atendendo. Um ato desumano, insensato, irresponsável, antiético, “anti-bioético”, longe da justificativa que parece ter sido um pretexto para outras razões verdadeiras. 
Razões que permitem interpretar como relacionadas ao “cancelamento” do  direito de “conduzir” sua prática médica, que há de ser autônoma e livre dos famigerados protocolos, hoje impostos em nome do bem, mas que acabam significando formatos de exploração da medicina e de médicos, disfarçados como coisas boas ou corretas.
Estão de parabéns organizações israelitas brasileiras e internacionais que imediatamente manifestaram o repúdio a tal medida tomada pela direção do nosocômio. Medida que atingiu a instituição em sua aura simpática e de segurança que oferece a todos os brasileiros maculando-a pelo infeliz impacto que provocou. 
Merecem citação como exemplos, o presidente da Associação Sionista Brasil-Israel (ASBI), Dr Felix Soibelman assim como o judeu nova-iorquino Joseph (sem estampa do sobrenome), que clara e corretamente manifestou em vídeo (curto, até)  (https://youtu.be/pd8CuFRBkp4) objetivo e interessante de ser visto. É figura ligada ao Dr. Zelenko, cientista da comunidade judaica americana, apologista, pioneiro e defensor do uso da Hidroxicloroquina no tratamento precoce da COVID 19.
As verdadeiras razões do repudiado ato contra a colega Nise Yamaguchi. Aqui dispenso propositadamente os seus valiosos títulos, exatamente para dar ênfase à sua categoria profissional somente. Categoria sempre aplaudida, hoje ainda mais, pelo heroísmo, no mundo inteiro e que lamentavelmente GESTORES MÉDICOS do Einstein, cometem essa injustiça ofensiva, em que merecem serem investigados interesses escusos na prática da Medicina. 
Torna permissível considerar diversos roteiros típicos da investigação de um crime cometido. Permite-se fazer indagações que já estão, nesse momento, publicamente debatidos. 
Seria causa a tese e a postura da Dra. Nise, defendendo condutas que incomodam ou atrapalham interesses escusos? Seriam Interesses escusos ligados a compromisso político com o Governo do Estado de S Paulo? Seria pela “esquisita” resistência em admitir o uso de um medicamento barato, conhecido, possível de ser distribuído em nível de saúde pública? Seria atender ao interesse do Governo parceiro, já que gerenciaria os hospitais de campanha da capital, em associação com resultados econômicos mais “rentáveis” do que afeitos à prática ética da medicina?
Infelizmente, o simpático, valoroso e respeitado Hospital Israelita Albert Einstein foi levado a esse tipo de exposição pela equivocada decisão. E aqui vai mais uma decepção. Via de regra, tem se assistido, em imensa maioria de situações, o profissional médico sendo explorado ou atingido por gestores leigos em medicina, mas astutos na volúpia de arrecadar e desviar.
 Alguns até de nível ginasiano, mas especialistas e habilidosos arrecadadores de recursos financeiros doados em nome da causa “atender gente desprotegida”.  Mas, claramente, exploradores da Medicina e de profissionais médicos e paramédicos.
Agora: gestores médicos chegarem ao ponto de cometer atos que facilmente podem ser instados em juízo, não só pelo prejuízo ético profissional e da reputação da médica e do paciente de ter seu atendimento no hospital com a continuidade “cancelada”?! Aí, é de doer...É de se lamentar muito. 
Médico pode e deve ser corregedor de desvios ético profissionais. Aliás, passa a ser um campo vasto de vigilância necessária pelo nível degradado de formação profissional que marca o nosso País.  Certamente, não foi o caso. Ao se debruçar na avaliação crítica e sensata, conclui-se que evidente pretexto foi usado. 
E a extensão da gravidade não para. Imagine que a instituição Hospital Israelita Albert Einstein é hoje uma faculdade de medicina. Calcule o elenco de condutas aberrantes envolvidas, nessa postura isolada, em diversos planos: ético, bioético, técnico, humanístico (para o lado do médico/a e do paciente), além do Código Penal Brasileiro. 
Seria esse um bom exemplo a formatar ou moldar um futuro médico ou agente de saúde? É uma pergunta a ser meditada e respondida.
Por fim, resta prestar total apoio à Profa. Dra. Nise Yamaguchi que certamente está ganhando solidariedade de todos os “cantos”, pelo seu espírito verdadeiramente profissional, científico sendo digna de aplausos e respeito de médicos, paramédicos e cidadãos que, como regra, depositam sua confiança em nossas mãos e consciência.

Dr Fauze José Daher  -  CRM 20.810
Formado pela Escola Paulista de Medicina - Mestre em Ciências.
Gastro Cirurgião e ex Diretor Clínico da Santa Casa de Barretos
ex Presidente da Assoc. Paulista de Medicina – Reg. de Barretos
Advogado

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Renatinho: a perda do jornalismo, da cidadania e dos amigos barretenses

O jornalismo brasileiro, quiçá mundial, sofre, em tempos contemporâneos, uma degradação dessa função que foi considerada no passado como o quarto poder da sociedade. Quão distante disso está...
A própria classe dos jornalistas reconhece o tanto que se desvirtuou a importantíssima missão de informar, conscientizar, definir rumos e diretrizes a toda população carente de conhecimento e diretrizes, formando opiniões para o dia ou ao longo do tempo.
Seja na grande imprensa, seja nos nossos redores, como está hoje difícil poder confiar em bons jornalistas.
Nesse cenário, o choque da perda precoce de quem tínhamos o privilégio de chamar de Renatinho. Que, na verdade, era uma figura que honrava a sua profissão por diversos traços de personalidade: inteligência, criatividade, sensibilidade social, discrição e feeling pelas coisas do interesse coletivo. Sempre prestativo.
Pessoalmente, o choque me atingiu frontalmente ao receber do José Renato Filho, abalado, a notícia, 40 minutos após e no próprio local onde outros colegas estiveram lutando pela sua reanimação. Mesmo calejado e preparado pela própria vida profissional, senti também o forte impacto da perda de uma pessoa que eu muito considerava e admirava. 
Além de tudo, um companheiro/parceiro da turma praticante de Tênis do Grêmio, com quem todos tinham o prazer de fazer uma dupla de jogo.
O bom jornalismo, no contexto da missão exercida com competência e ética, passa a ficar desfalcado em Barretos e no âmbito geral. 
Sempre aprendi que o profissional de qualquer área de atuação, atingirá o clímax de sua carreira, quando conseguir, além do seu sucesso, angariar a admiração e o respeito de seus próprios colegas de classe. E o Renatinho conseguiu trabalhar sempre com denodo, competência e com a admiração de todos.
Sua esposa, os filhos Renato e Camila, ao buscar a superação do trauma que representa uma perda súbita, repentina, recebem o consolo de que um Mestre da redação jornalística marcou seu tempo e sua vida como exemplo para novas gerações. Que, aliás, muito precisam hoje de bons modelos.
Todos os segmentos da nossa comunidade sentem muito com a triste notícia.
Que Deus proteja todos os familiares. 
Que possam contar com as preces de muita gente que passa a sentir a falta de um amigo talentoso.
Que Deus o tenha.

Dr. Fauze José Daher
Médico e Advogado