Em ano comemorativo dos cinquenta anos dessa
instituição que vi nascer quando dos meus 15 anos de idade, na qual vivo com
maior interinidade nesses últimos 5 anos, estudando Direito e como um dos treze
Conselheiros Curadores, não há como deixar de registrar essas circunstâncias tristes
porque são reais e preocupantes.
Uma
delas é a grave situação econômico-financeira que situa o UNIFEB em patamar
delicado, como consequência de 2 a 3 décadas de erros gerenciais seguidos e acumulados.
Isso não é coisa para ficar escondida nem abafada.
Outro
fato é uma decisão que considero pesada, injusta, estranha inclusive porque
tramitou sem passar por decisão coadjuvante do Conselho Curador do UNIFEB: trata-se
da dispensa dos serviços profissionais do primeiro Reitor da instituição, o
Prof. Álvaro Fernandes. E mais: na circunstância colocada como justa causa, o
que vem prejudicar o referido professor em seu histórico laboral, assim como o seu
futuro pessoal de trabalho.
A grande incoerência é penalizar com perda da
atividade magisterial, de forma humilhante, por conta de erro (se é que houve) em
outra área, ou seja, na área administrativa. E se houve: é uma questão bastante
discutível, diante do desfecho e da decisão
da Reitoria que não ficaram muito claros, à luz das conclusões do processo sindicante que foi bem realizado.
Esse
assunto foi arrematado, pela atual Reitoria, de forma a computar ao referido
mestre toda a culpabilidade do quadro atual da instituição, sem fundamento ou
nexo de causalidade que efetivamente justifiquem medida tão desproporcional e
desprovida de razoabilidade.
O
assunto tem estado nos bastidores da universidade, nesses dias anteriores, e
deverá estar em pauta nos próximos, merecendo o conhecimento da comunidade
pelos relevantes serviços que presta ao público da cidade e da região no
decorrer de sua história.
Está hoje
colocado (UNIFEB) como de natureza privada, em meio a uma crise histórica de
indefinição de identidade (pública ou privada ?), porém, cogerida, por força de
lei, por um Conselho Curador que engloba pessoas indicadas pela nossa
comunidade.
Por
mais complexo que seja o assunto envolvendo nosso Centro universitário, essa
última decisão (demissão por justa causa) não constrói um novo tempo. Ao
contrário, remonta radicalismos que tentam espelhar maior lucidez e
transparência, porém, sem conseguir esconder vícios administrativos antigos e
crônicos, que continuam a ocorrer ainda nessa atual gestão.
Em
uma análise genérica, que pode facilitar o entendimento da grave situação que
ameaça o patrimônio físico da instituição, é exatamente não se conseguir entender
ou admitir o fato de um negócio altamente lucrativo, como é a escola superior
privada, estar constantemente mergulhada no vermelho dos balanços ao longo de 25
anos. E ainda: com quase 6.000 alunos nos mais de 20 cursos que, teoricamente, em
mãos competentes, seriam (ou são) um grande negócio.
Somente
o mal gerenciamento crônico pode justificar esse mal resultado atual. E não
será correto, justo e leal projetar todo o mal resultado na figura de um
professor que administrou por 4 anos, sendo agora alvo do típico e clássico
modelo de montagem de um “bode
expiatório” para justificar a lamentável situação.
Digna
de questionamento mais aprofundado, é a verificação do motivo mais enfatizado
no julgamento feito pela comissão encarregada: que foi, meramente, a falta de
licitação para a construção de um prédio que era necessário, foi bem
construído, socorreu a necessidade premente de carência de salas de aula, foi
procedido por empresa gabaritada, por preço abaixo da média, sem achado de
prejuízo aos cofres do UNIFEB ou malversação do recurso.
A
mera falta de licitação para a contratação da empresa, embora dispensável para
empresa privada, teria, então, sido o mesmo erro cometido há poucos dias pela
atual gestão em promover um concurso para contratação de pessoal, realizado por
empresa não licitada.
São
decisões entristecedoras, que não podem ser escondidas, possíveis de ainda mais
piorar o clima reinante entre professores e funcionários que tiveram cortes em
seus vencimentos, sem esperança de
efetivamente assistirem a erradicação das crônicas causas do mal gerenciamento.
O
assunto será pauta em reunião do Conselho Curador, na forma de recurso buscado
pelo ex Reitor atingido, quando entendo deveria ter sido instância
indispensável para tão grave decisão.
O
que enfim nos alegra, sendo do interesse “Unifebiano”, é o fato de, nesses
últimos dias estar correndo a notícia de que o nível de aprovação dos alunos do
5o. ano de Direito, na 1a. fase do exame da OAB-FGV, foi
excepcional, numa demonstração de que a
qualidade do curso de Direito do UNIFEB, consegue, apesar de tudo, aprovar de
forma louvável.
São
notícias. São fatos. E são motivações para uma luta mais serena, somadora, pacífica,
inteligente e sem tanta carga emocional negativista.
Num
ano a ser historicamente comemorado, o que se espera é a tomada de atitudes
justas com a devida proporcionalidade da razão e da emoção.
É
o que também esperamos.
Dr. Fauze Jose Daher
Diretor
Clínico da S. Casa
Acadêmico de
Direito
Conselheiro
Curador do UNIFEB