quinta-feira, 1 de maio de 2014

UNIFEB: cinquentenário com tristes episódios

            Em ano comemorativo dos cinquenta anos dessa instituição que vi nascer quando dos meus 15 anos de idade, na qual vivo com maior interinidade nesses últimos 5 anos, estudando Direito e como um dos treze Conselheiros Curadores, não há como deixar de registrar essas circunstâncias tristes porque são reais e preocupantes.
         Uma delas é a grave situação econômico-financeira que situa o UNIFEB em patamar delicado, como consequência de 2 a 3 décadas de erros gerenciais seguidos e acumulados. Isso não é coisa para ficar escondida nem abafada.
         Outro fato é uma decisão que considero pesada, injusta, estranha inclusive porque tramitou sem passar por decisão coadjuvante do Conselho Curador do UNIFEB: trata-se da dispensa dos serviços profissionais do primeiro Reitor da instituição, o Prof. Álvaro Fernandes. E mais: na circunstância colocada como justa causa, o que vem prejudicar o referido professor em seu histórico laboral, assim como o seu futuro pessoal de trabalho.
 A grande incoerência é penalizar com perda da atividade magisterial, de forma humilhante, por conta de erro (se é que houve) em outra área, ou seja, na área administrativa. E se houve: é uma questão bastante discutível, diante do  desfecho e da decisão da Reitoria que não ficaram muito claros, à luz das conclusões  do processo sindicante que foi bem realizado.
         Esse assunto foi arrematado, pela atual Reitoria, de forma a computar ao referido mestre toda a culpabilidade do quadro atual da instituição, sem fundamento ou nexo de causalidade que efetivamente justifiquem medida tão desproporcional e desprovida de razoabilidade.
         O assunto tem estado nos bastidores da universidade, nesses dias anteriores, e deverá estar em pauta nos próximos, merecendo o conhecimento da comunidade pelos relevantes serviços que presta ao público da cidade e da região no decorrer de sua história.
Está hoje colocado (UNIFEB) como de natureza privada, em meio a uma crise histórica de indefinição de identidade (pública ou privada ?), porém, cogerida, por força de lei, por um Conselho Curador que engloba pessoas indicadas pela nossa comunidade.
         Por mais complexo que seja o assunto envolvendo nosso Centro universitário, essa última decisão (demissão por justa causa) não constrói um novo tempo. Ao contrário, remonta radicalismos que tentam espelhar maior lucidez e transparência, porém, sem conseguir esconder vícios administrativos antigos e crônicos, que continuam a ocorrer ainda nessa atual gestão.
         Em uma análise genérica, que pode facilitar o entendimento da grave situação que ameaça o patrimônio físico da instituição, é exatamente não se conseguir entender ou admitir o fato de um negócio altamente lucrativo, como é a escola superior privada, estar constantemente mergulhada no vermelho dos balanços ao longo de 25 anos. E ainda: com quase 6.000 alunos nos mais de 20 cursos que, teoricamente, em mãos competentes, seriam (ou são) um grande negócio.
         Somente o mal gerenciamento crônico pode justificar esse mal resultado atual. E não será correto, justo e leal projetar todo o mal resultado na figura de um professor que administrou por 4 anos, sendo agora alvo do típico e clássico modelo de montagem de um  “bode expiatório” para justificar a lamentável situação.
         Digna de questionamento mais aprofundado, é a verificação do motivo mais enfatizado no julgamento feito pela comissão encarregada: que foi, meramente, a falta de licitação para a construção de um prédio que era necessário, foi bem construído, socorreu a necessidade premente de carência de salas de aula, foi procedido por empresa gabaritada, por preço abaixo da média, sem achado de prejuízo aos cofres do UNIFEB ou malversação do recurso.
         A mera falta de licitação para a contratação da empresa, embora dispensável para empresa privada, teria, então, sido o mesmo erro cometido há poucos dias pela atual gestão em promover um concurso para contratação de pessoal, realizado por empresa não licitada.
         São decisões entristecedoras, que não podem ser escondidas, possíveis de ainda mais piorar o clima reinante entre professores e funcionários que tiveram cortes em seus vencimentos, sem esperança de  efetivamente assistirem a erradicação  das crônicas causas do mal gerenciamento.
         O assunto será pauta em reunião do Conselho Curador, na forma de recurso buscado pelo ex Reitor atingido, quando entendo deveria ter sido instância indispensável para tão grave decisão.
         O que enfim nos alegra, sendo do interesse “Unifebiano”, é o fato de, nesses últimos dias estar correndo a notícia de que o nível de aprovação dos alunos do 5o. ano de Direito, na 1a. fase do exame da OAB-FGV, foi excepcional, numa demonstração de que  a qualidade do curso de Direito do UNIFEB, consegue, apesar de tudo, aprovar de forma louvável.
         São notícias. São fatos. E são motivações para uma luta mais serena, somadora, pacífica, inteligente e sem tanta carga emocional negativista.
         Num ano a ser historicamente comemorado, o que se espera é a tomada de atitudes justas com a devida proporcionalidade da razão e da emoção.
                           É o que também esperamos.

Dr. Fauze Jose Daher

Diretor Clínico da S. Casa
Acadêmico de Direito
Conselheiro Curador do UNIFEB